Deus conosco | Artigo de Dom José Alberto Moreira – Arcebispo de Montes Claros
Muito tempo antes da vinda de Jesus, um profeta já anunciava esse fato futuro, com a geração dele através da Virgem Maria (Cf. Isaías 7,14). De fato, esse nascimento era esperado pelos judeus. Uns pensavam que o Messias viria para ser um político poderoso e livraria os judeus do domínio dos romanos. Outros achavam que Ele viria para trazer a salvação sobrenatural para o povo, redimindo seus pecados e fazendo reinar a paz do povo com Deus.
O próprio Jesus admitiu que seu reino não é deste mundo, ou seja, Ele veio fazer reinar a união do humano com o Divino, onde a justiça misericordiosa de Deus faça vencer o egoísmo humano. Dessa forma, o amor humano se entrelaça com o divino, a ponto de sermos novas criaturas, tendo o restabelecimento do projeto de Deus na terra. Há a recomposição do humano como imagem e semelhança de Deus, em que o cuidado com a criação é retomado. Vence na caminhada da vida terrena quem dá de si pelo bem do outro. Ganha quem sabe dar vez e incluir o outro no convívio fraterno e cidadão.
À espera vigilante e orante para a celebração do acontecimento de nossa salvação, com a vinda do Emanuel, colocamo-nos como a terra seca, aguardando a chuva para ser vitalizada com o amor divino transformador de nossa vida. Não se trata da preparação para uma festa de exterioridade e uso de guloseimas e presentes materiais e sim de conversão de vida para darmos o sentido ao nosso encaminhamento da jornada terrena. Tornando-nos como a gruta de Belém, deixamos que o Menino-Deus entre em nossa existência, transformando-a com seu amor. De nossa parte, colocamos nossa vontade coincidente com a dele, para tomarmos o rumo do compromisso com um mundo mais humano, mais cheio de solidariedade, de promoção do bem da família, da comunidade e da sociedade.
Jesus vem, com seu nascimento entre nós, em obediência ao Pai. De nossa parte, precisamos demais de imitá-lo para também sermos obedientes a Deus. Caso contrário, não olhamos para o bem comum. Os preceitos divinos, quando olvidados, nos tornam pessoas que se colocam no lugar de Deus. Assim sendo, não cuidamos bem do meio ambiente, fazemos guerra, matamos, desrespeitamos o semelhante, principalmente os mais indefesos, caluniamos, mentimos, somos desonestos, buscamos a todo o custo os prazeres sem olhar para o que é ético e moral…
Com a obediência vivida e ensinada por Jesus, damos de nós pela inclusão social, pela boa política, pela conduta de quem sabe fazer escolhas, mesmo tendo que se sacrificar para não se dobrar aos instintos e tentações egocentristas. Dessa forma, celebramos o Natal de Jesus como deve ser feito por quem se diz fiel e crente.
Por tudo isso, contemplamos o que nos vem narrado no Evangelho e acolhemos o Senhor que vem: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco” (Mateus 1,23).
Texto disponível no site oficial da CNBB.
Postado neste portal por: Gilberto Martins – Editor Geral