As tentações de ontem e de hoje; confira a reflexão do primeiro domingo da quaresma de Pe. Nilo Luza, ssp
Jesus é conduzido pelo Espírito ao deserto, onde se prepara para assumir a missão que o Pai lhe confiou. Enquanto lá está, é tentado pelo diabo. O deserto, mais que indicação geográfica, é lugar da provação, do encontro com Deus, onde se amadurecem as opções que fazemos e se põe à prova a vocação. O povo de Israel caiu na tentação várias vezes, enquanto atravessava o deserto em busca da Terra Prometida.
O Mestre refaz o caminho do povo para mostrar que é possível vencer as dificuldades da missão. O diabo provoca Jesus: “Se és Filho de Deus…” – desafio que volta no final do evangelho. (Seria dúvida da própria comunidade a respeito da divindade de Jesus?)
Mateus salienta três tentações a que Jesus teria sido submetido: o poder, a riqueza e o prestígio. Ele é confrontado com a decisão de ser fiel ao projeto de Deus ou aderir ao projeto do diabo. Sua opção mostra-se em sintonia com a vontade do Pai, recusando soluções simplistas e enganadoras. Fundamentado na Palavra de Deus, o Mestre supera as provas do adversário. Ele viveu sempre dessa Palavra, seu alimento cotidiano. Assim, teve forças suficientes para não cair na armadilha do tentador. Jesus não procura manipular a Deus nem busca privilégios.
As três provas são como que a síntese de tudo o que pode acontecer com qualquer ser humano. Como cristãos, seguidores de Jesus, somos convidados a resistir a propostas enganadoras, que trazem dominação, miséria e exclusão do povo.
Talvez possamos afirmar que a tentação mais diabólica seja a do acúmulo da riqueza. O poder do dinheiro consegue manipular os outros poderes. O “grande capital” consegue dominar os impérios e o mundo. Quem se deixa levar pelo desejo do acúmulo é capaz de qualquer coisa para aumentar sempre mais sua riqueza. Nós, porém, vivemos da Palavra de Deus, a qual nos aponta outros caminhos.